O apagão logístico vem aí!

24/06/2010 10:40

O apagão logístico vem aí!

 

A se confirmar o cenário de forte crescimento econômico para o Brasil durante os próximos anos, o tão falado “apagão logístico” deve chegar e afetar significativamente os negócios. Como a matriz de transportes brasileira ainda é muito dependente do transporte rodoviário, responsável por aproximadamente 55% da movimentação de cargas, o custo e a disponibilidade de transportes serão os itens mais impactados. Exportar e importar também serão muito afetados, já que os portos brasileiros, em sua maioria, são extremamente ineficientes e burocráticos quando comparados aos portos americanos, europeus e asiáticos.

Outro fator que vai contribuir para o apagão são as restrições à circulação de veículos nas grandes cidades, seja na questão de horários, seja na questão de veículos de grande porte. A experiência da cidade de São Paulo deve se expandir para outras grandes metrópoles, obrigando as empresas e se adaptar às novas regras. Em breve, um “apagão do combustível” também entrará na agenda das empresas, lembrando que o diesel brasileiro é um dos combustíveis menos “verdes” do mundo. Será que sua empresa está preparada para todo esse apagão logístico?

A crônica falta de investimentos do governo em infraestrutura gera custos adicionais de US$ 40 bilhões por ano, segundo estudo do Centro de Estudos em Logística (CEL) do Coppead / UFRJ. Recente matéria do jornal Folha de S. Paulo relata que o apagão logístico irá impedir o avanço do agronegócio no Brasil. Em alguns Estados com mais precariedade logística, a perda pode chegar a até US$ 2 por saca de soja. O país paga esse custo e a conta volta para os contribuintes em forma de novos impostos.

Mas além de reclamar e exigir que o governo cumpra seu papel, o que as empresas podem fazer? Nesse cenário de restrição logística, reforça-se a necessidade de se ter um modelo de distribuição bem planejado, integrado e executado. É ainda muito comum encontrarmos empresas que não valorizam adequadamente a logística e em que a distribuição é estruturada para atender a todos os canais de venda de modo indistinto. Quando, em algum momento, elas se dão conta que o mix de produtos mudou e que os canais de venda estão cada vez mais exigentes e requerendo soluções específicas, sentem que a atual configuração não mais os atende.

Independente do grau de apagão logístico que o Brasil sofrerá, faz-se necessário repensar as cadeias de distribuição, buscando um maior nível de integração entre indústrias, fornecedores e canais de distribuição e entre suas áreas de vendas e de operações.


Rodrigo Catani rcatani@gsmd.com.br, sócio-diretor da GS&MD