A logística e os portos dos importadores e exportadores mineiros
Burocracia atrasa desembaraço nos portos
ALISSON J. SILVA
O seminário em Belo Horizonte debateu os principais entraves do setor no país
Apesar do crescimento cada vez mais robusto das atividades de importação e exportação pelas empresas mineiras, a burocracia imposta ao trânsito aduaneiro nos portos litorâneos tem dificultado o desembaraço das mercadorias.
O tema foi debatido ontem no seminário "A Logística e os Portos dos Importadores e Exportadores", promovido pelo Sindicato dos Despachantes Aduaneiros de Minas Gerais (Sdamg). Segundo o presidente da entidade, Frederico Pace Drumond, os investimentos no setor não têm conseguido acompanhar o aumento do volume de cargas, o que provoca, além da superlotação dos portos, mais atrasos na liberação das mercadorias.
"Os portos precisam deixar de ser áreas de armazenamento para se tornarem áreas de passagem. A obrigatoriedade da intervenção fiscal no local, por exemplo, torna o procedimento de liberação da carga demorado. A realização de alterações no sistema de trânsito aduaneiro é extremamente necessária para que seja possível acompanhar o tão expressivo crescimento", argumenta Drumond.
Segundo o assessor especial do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Leonardo Guerra, a corrente de comércio internacional brasileira cresceu 30% no primeiro quadrimestre de 2011 frente o mesmo período de 2010, enquanto a estimativa da Organização Mundial do Comércio (OMC) é de expansão de apenas 6% no mundo.
"Precisamos reunir as entidades privadas e políticas ligadas ao setor para definir quais as melhores estratégias no sentido de fazer com que a infraestrutura comporte este crescimento", destaca Guerra, que ficou responsável pelo encaminhamento das reivindicações feitas pelo Sdamg à Câmara de Comércio Exterior.
A principal solicitação se refere à diminuição dos entraves relativos ao trânsito aduaneiro. Porém, segundo Drumond, para que as melhorias não dependam apenas da iniciativa pública, é preciso fomentar a concorrência entre os portos do Rio, Espírito Santo e São Paulo.
"Ao mesmo tempo em que o Estado possui uma localização central e estratégica no país, somos prejudicados pela falta do mar. A alternativa que encontramos é estimular a competição entre os portos do sudeste para receberem as cargas mineiras, já que a logística não é mais o fator decisivo para a escolha do porto. Aqueles que oferecerem maior previsibilidade e mais rapidez serão os que mais receberão cargas mineiras", afirma. (LR)